A última copa do Brasil


A Fifa, presidida por Jules Rimet, realiza, em Luxemburgo, o primeiro congresso após a paz se instaurar no velho continente. Nele ficou decidido que o Brasil, candidato único da disputa, seria palco da quarta Copa do Mundo. Eram tempos remotos. Em 1950, o Brasil tinha apenas 52 milhões de habitantes, a Fifa apenas 34 países inscritos – desses somente 13 jogariam a Copa. O Brasil contava com três grandes campos de futebol. São Januário, no Rio de Janeiro; Pacaembu, em São Paulo; e Durival de Britto e Silva, em Curitiba. 

A preocupação dos dirigentes era eminente em 1948, tanto que foi criado um Diretório Geral para cuidar da preparação. Cinco semanas antes do Mundial, Otorino Barassi, presidente da Federação italiana, chegara ao Brasil para deixar as cidades prontas para o início da Copa. Durante a competição, contudo, a desorganização foi evidente. A desistência da França, por exemplo, foi causada por isso. Os franceses jogariam contra o Uruguai em Porto Alegre e apenas quatro dias depois enfrentariam a Bolívia em Recife. 


Rio de Janeiro – Estádio Municipal do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro, Distrito Federal à época, sob a tutela do cronista Mário Filho, do compositor Ary Barroso e do então prefeito, Mendes de Moraes defendia a construção de um colossal estádio para 150 mil torcedores no terreno do Derby Club, às margens do Rio Maracanã. Carlos Lacerda, opositor de carteirinha, acirrou a polêmica ao optar por um em Jacarepaguá com  capacidade para 60 mil espectadores. Em 2 de agosto de 1948, seis empreiteiras contratadas pelo Estado começaram a erguer as arquibancadas. O estádio nasceu Municipal do Rio de Janeiro, tornou-se Mendes de Moraes, mudou-se para Mário Filho e eternizou-se como Maracanã. No fatídico 16 de Julho de 1950, contra o Uruguai, eram 10 % da cidade do Rio de Janeiro dentro do maior estádio do mundo.





São Paulo – Estádio Municipal do Pacaembu
Em São Paulo, a preparação foi mais tranquila. Construído a partir de 1936 e finalizado em 40, o Estádio Municipal do Pacaembu – que só em 61 viraria Paulo Machado de Carvalho foi o palco de seis jogos do Mundial. Considerado um dos maiores estádios do mundo na época, com capacidade para 60 mil torcedores, foi sede da seleção italiana – devido ao grande número de imigrantes da Itália em São Paulo. Os paulistas puderam ver ainda o insosso empate do Brasil com a Suiça, 2 a 2.


Belo Horizonte – Estádio Raimundo Sampaio
As casas de Atlético, Cruzeiro e América não estavam apropriadas para receber jogos de Copa do Mundo. Segundo a imprensa da época, eram acanhados até mesmo para receber torcedores locais. Foi então que o modesto e extinto Sete de Setembro de Futebol e Regatas aproveitou a bondade do prefeito de Belo Horizonte, Otacílio Negrão de Lima que destinou uma verba muito grande para a construção da nova arena para 30 mil pessoas. Estaria pronto em 1950, então, o Estádio Raimundo Sampaio, em homenagem ao presidente do Sete de Setembro. Pelos torcedores ficou conhecido apenas como Independência. Foi palco de três jogos da Copa.


Porto Alegre – Estádio Ildo Meneghetti
Inaugurado em 1931 pelo Internacional, o Estádio Ildo Meneghetti (que leva o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul) foi escolhido para abrigar os jogos da Copa. Conhecido como Estádio dos Eucaliptos, com capacidade para 10 mil colorados, passou por obras de ampliação em 1949 – o velho pavilhão de madeira da Rua Silveiro passou a ser de concreto. O investimento foi da CDB. Abrigou os jogos México 1 X 4 Iugoslávia e Suiça 2 X 1 México, seleções que estavam no grupo A, o mesmo do Brasil.


Curitiba – Estádio Durival de Britto e Silva
A Fifa e a CBD exigiram  faturamento mínimo de um milhão de cruzeiros para que Curitiba fosse sede da Copa. Moisés Lupion, governador paranaense na década de 40, fechou o acordo e o estádio do Clube Atlético Ferroviário - atual Paraná Clube - foi o escolhido.  Durival Britto e Silva, militar e diretor da Rede Ferroviária Federal, concedeu seu nome ao novo campo de futebol inaugurado em 1947. Durante a Copa, apenas dois jogos foram disputados lá. Por isso, o governo paranaense teve prejuízo de trezentos mil cruzeiros. Na época houve muita rivalidade com a cidade de Belo Horizonte, pois Minas Gerais recebera um jogo a mais.


Recife – Estádio Adelmar da Costa Carvalho
O Nordeste foi representado por Pernambuco. A tarefa de cumprir a exigência da Fifa começou um ano antes da Copa. Era preciso construir um alambrado e três túneis no estádio Adelmar da Costa Carvalho, localizada no bairro da Ilha do Retiro, em Recife. Houve, então, uma verdadeiro mutirão, liderado pelo presidente do Sport, Severino Almeida, para que a Ilha fosse também palco da Copa. Recife, porém, viu apenas um jogo no reformado estádio: Chile 5 X 2 Estados Unidos.

Fonte: Portal 2014