Heróis do sertão : Sangue e fé




 Proprietário de terras, de gado e de diversos imóveis, Padre Cícero fazia parte da sociedade  e política conservadora do sertão do Cariri. Sempre teve o médico Floro Bartolomeu como o seu braço direito, e integrava o sistema político cearense que ficou sob o controle da família Accioli durante mais de 2 décadas.Entrou para a política e foi prefeito da cidade de Juazeiro por 15 anos. Morreu no ano de 1934, tornando-se uma das principais figuras religiosas da história do país. Até hoje, o túmulo de Padre Cícero é um dos pontos de peregrinação mais importantes do Brasil. 
É considerado um santo (não reconhecido pela Igreja Católica Romana) por muitas pessoas religiosas, principalmente do Nordeste.





   
 Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, nasceu em 7 de julho de 1897 na pequena fazenda dos seus pais em Vila Bela, atual município de Serra Talhada, no estado de Pernambuco. Era o terceiro filho de uma família de oito irmãos.
     Lampião desde criança demonstrou-se excelente vaqueiro. Cuidava do gado bovino, trabalhava com artesanato de couro e conduzia tropas de burros para comercializar na região da caatinga, lugar muito quente, com poucas chuvas e vegetação rala e espinhosa, no alto sertão de Pernambuco (chama-se Sertão as regiões interiores e distantes do litoral, onde reinava a lei dos mais fortes, os ricos proprietários de terras, que detinham o poder econômico, político e policial).
Lampião sempre saía vencedor nas lutas com a polícia, pois atacava sempre de surpresa e fugia para esconderijos no meio da caatinga, onde acampavam por vários dias até o próximo ataque. Apesar de perseguido, Lampião e seu bando foram convocados para combater a Coluna Prestes, marcha de militares rebelados. O governo se juntou ao cangaceiro em 1926, lhe forneceu fardas e fuzis automáticos.


Antes de se tornar um líder social do Nordeste brasileiro no final do século XIX, Antônio Vicente Maciel, nascido em 13 de março de 1830 em Quixeramobim, Ceará, trabalhava com o comércio herdado de seu falecido pai, onde sustentava suas quatro irmãs. Seus conhecimentos em aritmética, português, geografia, francês e latim lhe garantiram bons empregos como escrivão de cartório, solicitador de petições e até mesmo como advogado, ainda que não tivesse o diploma.
Em contato com o povo, percebendo suas reais necessidades e o descaso do governo e dos latifundiários com toda essa situação, Antônio Conselheiro sai em peregrinação a Canudos, no interior da Bahia, com o objetivo de formar a comunidade Belo Monte. Antes, porém, chegou a ser preso por ser acusado de assassinar a ex-esposa (o que, de fato, não era verdade). Na prisão, teve contato mais intenso com as camadas mais baixas da população nordestina, elevando seu prestígio de forma considerada. Para se ter uma ideia  quando Antônio Conselheiro cogitou criar a comunidade Belo Monte, cerca de 15 mil a 25 mil pessoas seguiam seus passos.
Para evitar a propagação dos ideais de Antônio Conselheiro, uma tropa baiana invadiu o território de Canudos, mas foi facilmente derrotada. A partir daí, em 1896, iniciava um conflito que atingiria enormes proporções, conhecido como Guerras dos Canudos Após três expedições fracassadas, devido às táticas de guerrilha dos canudos que lutavam, inicialmente, a pau e pedra, o governo enviou uma quarta expedição munida de canhões e fortalecida por milhares de soldados.
Em 5 de outubro de 1897, o capitão  derrota os canudos, devastando tudo o que via pela frente. O massacre foi tão imenso, que nem as crianças e mulheres foram poupadas da crueldade do Exército. Antônio Conselheiro, que liderava a construção dessa utópica sociedade igualitária, foi aniquilado pela explosão de uma granada em 22 de outubro de 1897.