Desde
meados do século XV as nações europeias, especialmente Portugal e Espanha,
estavam envolvidas com o processo de expansões marítimas. A essas nações
interessava muito, especialmente por motivos econômicos, encontrar novas rotas
por mar para o Oriente e expandir seus domínios sobre novos territórios. A
preocupação de encontrar novas rotas devia-se especialmente ao fato de que as
rotas terrestres já conhecidas eram longas e dominadas por italianos e árabes.
Motivados por essa necessidade de encontrar caminhos mais livres para o
comércio de especiarias, os monarcas de diversos reinos optaram por investir em
longas viagens marítimas que pudessem trazer bons resultados.
Um
dos maiores investimentos foi feito pelos reis espanhóis Isabel e Fernando.
Logo após a unificação da Espanha, em 1492, os dois monarcas decidem financiar
a viagem de um navegador genovês, Cristóvão Colombo. Seu objetivo era descobrir
uma nova rota para as Índias navegando na direção oposta, para oeste. O
navegador recebe três caravelas (Nina, Pinta e Santa
Maria), e com elas aporta nas Antilhas, acreditando ter chegado ao
arquipélago do Japão.
Quando os espanhóis descobriram que as terras aonde chegara Colombo se tratavam
de um novo continente, até então inexplorado pelos europeus, decidiram garantir
o monopólio sobre elas. Porém, tiveram de enfrentar a monarquia portuguesa, que
reivindicava o direito sobre as rotas ultramarinas no Oceano Atlântico. Os
portugueses haviam iniciado suas navegações no reinado de D. Henrique, e suspeitavam da existência de terras a oeste do
Atlântico. Além disso, foi a descoberta portuguesa do Cabo da Mina, na África,
que despertou nos espanhóis o interesse pela exploração dos mares. As duas
nações, incapazes de resolver o impasse, convocaram o Papa Alexandre VI. Este
concede os direitos de exploração aos reis espanhóis. A outra grande polêmica envolve a
própria ideia de Descobrimento. A palavra significa revelar alguma coisa sobre
a qual não se tinha conhecimento... Os europeus realmente não conheciam as
terras do outro lado do Atlântico; porém, isso não significa que elas fossem
desconhecidas por toda a humanidade. Afinal, algo em torno de cinco milhões de
pessoas já habitavam este local. Para os europeus tratou-se de fato de uma
descoberta.
Porém, quando utilizamos hoje este
termo, “descobrimento”, estamos enxergando a História do Brasil de maneira
totalmente europeizada, ignorando o fato de que já existiam aqui outras pessoas
que tiveram suas vidas completamente transformadas. Os habitantes do futuro
Brasil foram dizimados pelos europeus: desde o próprio povo até sua cultura,
seus hábitos, sua religião. Os europeus impuseram aos índios aquilo que
acreditavam ser o modo correto de viver; e enquanto enxergarmos o marco inicial
da História de nosso país como a chegada dos europeus, estaremos
desconsiderando esses povos que são parte fundamental da constituição do
Brasil.