As lendas urbanas que
conhecemos atualmente começaram a ser divulgadas em meados dos anos 50 .
Segundo Cláudio Bertolli, professor de Antropologia na Unesp de Bauru,
essas lendas que se originam nas cidades são fabulações do real e
surgem para que o homem possa verbalizar e expressar de alguma maneira os seus
medos e receios mais íntimos. ”Esse medo advém do espaço urbano e de
uma solidão muito grande.”
O indivíduo
da sociedade moderna se sente solto e livre para fazer o que
quiser, mas, por outro lado, sente-se solitário e prisioneiro de uma sociedade
hedonista”. De modo geral, as lendas urbanas refletem o cotidiano das pessoas e surgem de histórias um tanto bizarras divulgadas pela mídia. Em algumas outras vezes, elas ressurgem de histórias antigas, como o caso do chupa cabra, que teve seu auge midiático da década de 90, mas que existia há muito tempo. Essas histórias, passadas, majoritariamente, de boca em boca, acabam originando várias versões, mas sempre mantendo uma ideia central.
Quem nunca ouviu falar da
loira do banheiro, do homem do saco, ou de que a Xuxa tem pacto com o demônio?
Essas e outras lendas urbanas fazem parte do inconsciente coletivo das pessoas.
Narrativas fantásticas e baseadas no assustador, elas costumam ser transmitidas
oralmente. Na verdade, estas lendas
urbanas, mitos e histórias fantásticas ganham fama por serem divulgadas no
boca-a-boca, e, após a revolução digital, por e-mails, sites, entre outros.
Frequentemente são contadas com a premissa de terem acontecido com “um amigo da
gente” e são enviadas com uma série de alardes do tipo “cuidado, isso pode
acontecer com você”.
A maioria destas lendas
urbanas são baseadas em fatos reais, mas acabam sendo distorcidas ao longo
do tempo.
Muitas pessoas que acreditam
em lendas e são supersticiosas tem medo de caminhar em estradas desertas do
interior, pois acham que podem ser atacadas por esta assombração. Muitos pais e
avós, moradores destas regiões, também contam esta lenda para as crianças para
provocar medo e evitar que elas saiam sozinhas por regiões desconhecidas.
Mapinguari- Criatura
descrita como um macaco de tamanho descomunal - 5 a 6 metros, peludo como o
porco-espinho, "só que os pêlos são de aço". Em uma versão, o
mapinguari tem um só olho, enorme, no meio da testa, e uma bocarra vertical que
desce até o umbigo. Cada passo do mapinguari mede 3 metros, e seu alimento
favorito é a cabeça das vítimas, geralmente pessoas que ele caça durante o dia,
deixando para dormir à noite. Há aqueles que afirmam ser impossível matá-lo: é
invulnerável. Numa outra versão, ele é apresentado como um ser dos mais
fantásticos, com 2 olhos, mas "3 bocas", sendo uma debaixo de cada
braço e a outra sobre o coração. Esta última é considerada seu
"calcanhar-de-aquiles", pois, quando ele abre a boca, pode-se acertar
seu coração, única maneira de matá-lo. Fonte: Painel de Mitos & Lendas da
Amazônia, Franz Kreuter Pereira, Belém, 1994 .
O
Mapinguari é um monstro amazonense com a boca rasgada do nariz ao
estômago, pés em forma de cascos, devora só a cabeça do homem. Os caboclos
juram que dentro da floresta mora esse gigante peludo que grita como uma pessoa
e, se alguém responder, ele logo vai ao encontro do desavisado.
Negro
D’Água-Esta história é muito difundida entre pessoas ribeirinhas
e pescadores, principalmente na Região Centro Oeste do Brasil, onde muitos
dizem já tê-lo visto.
Vitória-
Régia-A origem da vitória-régia, planta aquática que faz parte
da paisagem amazônica, está ligada a uma curiosa lenda indígena:
"Era uma vez, um grupo de jovens índias que eram tão fascinadas pela lua e pelas estrelas que decidiram encontrar uma forma de tocá-las. Acreditavam que se conseguissem fazer isso, poderiam se tornar uma delas. Assim, elas tentaram subir por um morro, mas não deu certo. As jovens, persistentes, a cada noite procuravam sempre os lugares mais altos, mas o céu continuava distante. Uma das índias, a mais sonhadora delas, estava tão desiludida, que uma noite, ao ver a lua refletida no lago, resolveu mergulhar ao seu encontro e desapareceu nas águas profundas. A lua lá no céu, comovida com o gesto da jovem, decidiu transformá-la numa grande e bela flor, que ficaria para sempre na superfície das águas, como a refletir a imagem lunar: nascia a vitória-régia".