O USO DA INFORMÁTICA NO ENSINO DE
HISTÓRIA
O COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO
MARCOS
ANTÔNIO DOS SANTOS LIMA
Graduado em
Pedagogia/Historia, com pós Graduação em Psicopedagogia e Gestão Escolar
Mestrando em Psicanalise Educação e Sociedade pelo Instituto Superior de
Educação e Teologia.
Até pouco tempo o uso do
computador na escola era um privilégio, quase que exclusivo das escolas
particulares. Mas com a iniciativa do Programa Nacional de Informática na
Educação, e parceria do Ministério da Educação e Cultura - MEC e das
Secretarias de Estado de Educação, esse privilégio, tornou-se realidade em
muitas escolas do ensino público brasileiro.
A informática aparece como uma
tecnologia que esta mudando nosso modo de viver, pensar e trabalhar, é
percebível a preocupação dos gestores Federais, Governamentais e Estaduais
oportunizando as escolas laboratórios de
computadores, assim oportunizando aos educandos, aos educadores trabalhos
diferenciados no contexto educacional.
Porém, a grande parte das escolas
não sabem realmente como fazer o uso ideal do computador, muito menos tem
clareza dos motivos que provocam a busca da tecnologia, nem os mitos,
concepções e ideologias que perpassam a introdução do computador na escola.
É imprescindível que a introdução
do computador na escola, não se torne em mais uma panacéia, como tantas outras
experiências vistas para tentar resolver os problemas da educação brasileira,
torna-se necessário a reflexão, a discussão e o entendimento acerca das
implicações da introdução dessa inovação no campo pedagógico.
Como na maioria dos países do
mundo, no Brasil, surge um novo modelo econômico, assim trazendo mudanças em
todos os setores da sociedade. Partindo dessa nova mudança, para o país poder
adequar-se a esse novo modelo e poder concorrer de forma igualitária com os
países desenvolvidos no mercado internacional, torna-se fundamental empregar os
avanços científicos e tecnológicos no processo de desenvolvimento econômico.
Bonilla (1998:2) defende:
... é necessário preparar a população para
fazer uso da tecnologia de ponta, ao mesmo tempo em que a mesma é disseminada
pelo país. As políticas públicas passam a direcionar-se para a modernização de
todos os setores da sociedade, investindo-se maciçamente em tecnologia,
buscando atingir estágios superiores de desenvolvimento das forças produtivas e
da organização política e social.
O computador e a Internet começam
assim aparecer estrategicamente na mídia, tornando-se um fenômeno popular aonde
todos querem ter acesso, inclusive as comunidades escolares. Porém a falta de
condição financeira de grande parte da população dificulta essa inserção
tecnológica.
A maneira mais rápida de atingir
essa camada populacional, que não possui condições financeiras para o contato
direto com o computador é através da escola. Por exemplo: se em uma escola
tiver um laboratório de 15 computadores e uma linha telefônica é possível
atingir uma população de mais de 500 alunos.
Porém, a maneira de como está sendo inseridas tais inovações na escola,
mesmo que sob o discurso da melhoria da qualidade da educação, é complicado
atingir os reais objetivos esperados, pois não basta somente ter os
computadores na escola para que se resolvam todos os problemas econômicos,
sociais e educacionais.
Faz-se notório que a chegada do
computador na escola, na maioria das vezes, não possui uma proposta pedagógica
gerada a partir de um estudo da comunidade escolar envolvida; a maioria dos
projetos envolvendo Educação e Informática desenvolvidos pelas escolas são
elaborados por grupos externos a elas, o que torna ainda mais difícil o acesso
e o envolvimento dos educadores.
2.2 O que é informática na educação
A informática na educação vem
assumindo diversos significados dependendo da visão educacional e da condição
pedagógica em que o computador é utilizado.
A inserção do computador no
processo de aprendizagem dos conteúdos curriculares de todos os níveis e
modalidades de educação, nada mais é que a "Informática na Educação".
O professor da disciplina curricular deve ter conhecimento sobre os potenciais
educacionais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades
tradicionais de ensino-aprendizagem e atividades que usam computador.
Entretanto, a atividade com o uso
do computador na disciplina curricular pode ser feita tanto para continuar
transmitindo a informação para o aluno e, portanto, para reforçar o processo
tradicional de ensino, quanto para criar condições para o aluno construir seus
conhecimentos por meio da criação de ambientes de aprendizagem que incorporem o
uso do computador.
A informática tem provocado uma revolução na educação, por conta de sua
capacidade de "ensinar". As possibilidades de implantação de novas
técnicas de ensino são praticamente ilimitadas.
2.2.1 Visão Cética
Dentro da visão cética, acerca da
utilização da informática da educação, há aqueles que argumentam que se as
escolas não têm carteiras, giz nem merenda e o educador ganha uma miséria, como
falar em utilização de computadores na escola.
... Com o acesso as tecnologias,
coloca-se o problema dos custos dessa operação. Esse problema não é trivial, já
que não se trata apenas do custo inicial, mas também do posterior a
incorporação das tecnologias (manutenção, atualização constante dos
equipamentos e do software, etc.). A incorporação massiva das novas tecnologias
à educação transforma em problema geral o que até agora havia sido um problema
quase exclusivo do ensino técnico e profissional. (TEDESCO, 2004:68-69).
Os céticos também argumentam que
haveria uma desumanização com o uso da máquina, com a eliminação do contato
entre aluno e o professor. Por sinal, estão presos a este modelo instrucionista
e teme sua substituição por máquinas e programas capazes de cumprir o papel
antes reservado para o ser humano, assim a perda do papel tradicional do
educador.
O autor Stezer faz voz
discordante em relação ao uso das tecnologias na educação. Segundo ele, é
preciso deixar que as crianças sejam infantis e costuma pedir: "Não lhes
dêem acesso a TVs, videogames e computador". (SETZER, 1999:4).
O autor vai além, defendendo que
os adolescentes devem ter acesso ao computador apenas a partir dos 17 anos.
Afirma que a utilização dos mesmos, no lar e principalmente no processo
educacional, é prejudicial porque força o pensamento lógico-simbólico e
algorítmico.
Explicando sua defesa de que
crianças e adolescentes não devem ter acesso à informática, Setzer deixa claro
ser necessário, nessa faixa etária, estar interagindo com o ambiente e com a
fantasia. Desta maneira, quando uma criança ouve uma história, ela cria imagens
interiores a respeito daquilo que está sendo contado. Se essa história lhe é
mostrada no computador, por exemplo, seu pensamento torna-se menos criativo,
não sendo necessário que as imagens sejam criadas pela criança ouvinte.
Ao redor do mundo inteiro, as
crianças entraram em um apaixonante e duradouro caso de amor com os
computadores. O que elas fazem com os mesmos é tão variado quanto suas
atividades. A maior quantidade de tempo é dedicada aos jogos, com o resultado
de que nomes como o da Nintendo tornaram-se palavras domésticas. Elas utilizam
os computadores para escrever, para desenhar, para comunicar-se e para obter
informações. Algumas utilizam os computadores como meios para estabelecer
ligações sociais; outras, para isolar-se. Em muitos casos, seu zelo tem tamanha
força traz a palavra vício às mentes de pais preocupados. (PAPERT, 1994:7).
O autor crítica a concepção de
que é preciso que as crianças e jovens lidem com computadores para estarem
preparados realmente para o mercado de trabalho. Essa concepção torna-se
desconstruída através da afirmativa de que hoje é cada vez mais fácil lidar com
computadores e que o mercado é incerto, não sendo possível prever as
necessidades do mesmo daqui a seis ou doze anos, quando as atuais crianças e adolescentes
estiverem na idade de buscar um trabalho. De acordo com sua fala, aqueles que
passarem muito tempo diante da televisão, dos videogames e dos computadores
tornaram-se menos aptos a concorrer no mercado de trabalho, porque serão menos
criativos, e a exigência pela criatividade vem crescendo a cada dia.
Segundo a autora Patrícia
Vasconcellos Pires Ferreira, em seu artigo "O computador na escola",
publicado no site: http://www.psicopedagogia.com.br; há mitos e medos que permeiam
o imaginário dos educadores quando se fala em computador, como:
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* O computador isola as crianças; como não
queremos crianças que não se relacionem, devemos afastá-lo da sala de aula.
* O computador vai tirar o poder do professor
como único detentor das informações; a classe vai virar uma bagunça, com todos
querendo falar ao mesmo tempo, buscando informações e trazendo respostas que
talvez não sejam adequadas para o grupo.
* O computador vai fazer o professor dizer
"não sei"; os alunos sabem mais de computador do que o próprio
professor.
* O computador vai substituir o professor; os
recursos de multimídia do computador são muito mais atraentes do que o quadro e
o giz que o professor utiliza na transmissão de informações.
2.2.2 Visão Otimista
O computador pode enriquecer
ambientes de aprendizagem onde o aluno, interagindo com os objetos desse
ambiente, tem chance de construir o seu conhecimento. Uma reviravolta que muda
o foco de ensino do instrucionismo para o construcionismo, muitas vezes sem que
haja uma declaração teórico-pedagógica explícita, aí está a grande
"jogada" do uso do computador.
O caso de amor entre a criança e
a informática envolve mais que o desejo de fazer coisas com os computadores.
Ele também apresenta um elemento de possessividade e, mais importante, de
afirmação de identidade intelectual. Grande número de crianças vê o computador
como "nosso", como algo que pertence a elas, à sua geração. Muitas
sentem mais confortáveis com as máquinas do que seus pais e professores. Elas
aprendem a usá-las mais fácil e naturalmente. No momento, alguns adultos, podem
ter adquirido, de algum modo, o conhecimento especial que nos permite dominar o
computador, mas as crianças sabem que é apenas uma questão de tempo até que
elas herdem as máquinas. Elas são a geração da Informática.
Como o computador fará parte da
nossa vida, a escola deve preparar o educando para lidar com essa tecnologia.
Esse tipo de argumento, segundo José Armando Valente, tem provocado com que
muitas escolas introduzam o computador como disciplina curricular. Assim o
educando adquire noções de computação: o que é um computador, como funciona,
para que serve etc. Mas o interessante em estudar esse objeto tecnológico na
escola é de ir além do simples fato de eles permearem a nossa vida.
O computador é um meio didático,
nesse caso o computador é utilizado para demonstrar um fenômeno ou um conceito,
antes do fenômeno ou conceito ser passado ao educando. De fato, o autor
esclarece que certas características do computador como capacidade de animação,
facilidade de simular fenômenos, contribuem para que ele seja facilmente usado
na condição de meio didático.
Além de ser um meio didático a ser utilizado pelo educador, o computador
motiva e desperta a curiosidade do aluno. Pois não há como a escola do século
18 competir com a realidade do início do século 21 em que o educando vive.
Desta forma, é necessário tornar a escola mais motivadora e interessante.
Entretanto, não podemos considerar que somente com a utilização
do computador na escola que
despertaremos o interesse dos educandos, mas sim repensando e modificando a
prática pedagógica.
As crianças e jovens sabem
aproveitar por conta própria as oportunidades oferecidas pelo mundo digital.
Alguns educadores ficam constrangidos diante da desenvoltura que os educandos
demonstram ter com a utilização do computador, mas não há razão para isso.
"O que o estudante quer é ser orientado e ouvido, e não provar que entende
mais de computador", diz Léa Fagundes apud Menezes, (2006:31).
2.3 A importância do uso do computador na
educação
Os computadores estão propiciando
uma verdadeira revolução no processo de ensino-aprendizagem nas escolas
brasileiras. Uma razão mais óbvia advém dos diferentes tipos de abordagens de
ensino que podemos realizar através do computador, devido aos inúmeros
programas desenvolvidos para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem.
Entretanto, a maior contribuição do computador como meio educacional advém do
fato do seu uso ter provocado o questionamento dos métodos e processos de
ensino utilizados.
Conforme a autora
Lucena apud Moran (1997:17):
"Educar também é ajudar a desenvolver todas as formas de
comunicação, todas as linguagens: aprender a dizermos, a expressarmos
claramente, a captar a comunicação do outro e interagir com ele. É aprender a
comunicarmos verdadeiramente: a ir tornando-nos mais transparentes,
expressando-nos com todo corpo, com a mente, com todas as linguagens, verbais e
não verbais, com todas as tecnologias disponíveis".
Na citação a cima, a autora trás
à tona a importância da utilização das tecnologias para a educação, que além de
aprendermos e através das linguagens, do corpo e da mente, podemos aprender e
ensinar utilizando as tecnologias que nos são oferecidas nesse momento.
A utilização desta máquina
favorece o exercício do raciocínio lógico das crianças, além de despertar a
curiosidade de aprender mais e mais sobre essa magnífica máquina. Ele pode
favorecer a aprendizagem de várias formas, basta o professor ser conhecedor de
maneiras de aplicar a informática na educação.
A implantação da informática não
é apenas um desafio tecnológico. É um desafio para as pessoas. É um desafio de
adaptação e de aceitação de mudanças, uma das coisas mais difíceis de serem
enfrentadas pelas pessoas. Pois, bem sabemos é difícil aceitarmos o
"novo". Mas, com a grande freqüência com que o uso do computador vem
sendo utilizado, torna-se bem mais fácil e prazeroso aceitar o
"novo".
Nesta perspectiva, e com o objetivo
de estar sempre inovando e criando oportunidades para a utilização de
diferentes tecnologias de informação e de comunicação, devemos acreditar que
este pensar e repensar teórico sobre a prática pedagógica da utilização do
computador leva a uma dinâmica linha de ação metodológica, construindo não só
conhecimento, mas também multiplicando um novo modelo de ser humano através da
interação/cooperação entre jovens e adultos e redimensionando a filosofia para
a democratização do uso do computador na Educação.
O computador como ferramenta ele
pode ser adaptado aos diferentes estilos de aprendizado, aos diferentes níveis
de capacidade e interesse intelectual, às diferentes situações de
ensino-aprendizagem, inclusive dando margem à criação de novas abordagens.
Entretanto, o uso do computador como ferramenta é a que provoca maiores e mais
profundas mudanças no processo de ensino vigente, como a flexibilidade dos
pré-requisitos e do currículo, a transferência do controle do processo de
ensino do professor para o aprendiz e a relevância dos estilos de aprendizado
ao invés da generalização dos métodos de ensino. Estas questões só podem ser
contornadas à medida que o uso computador se dissemine e coloque em xeque os
atuais processos de ensino. Talvez esta esteja sendo a maior contribuição do
computador na educação.
2.4 A importância do Ensino de História
O ensino de História na Educação
Básica tem como objetivo fundamental oportunizar condições para que os
educandos consigam se identificar enquanto sujeitos históricos, participando de
um grupo social, ao mesmo tempo único e diverso. Talvez este seja o maior
desafio, como professores: ensinar primeiramente a pensar, criticar, propor!
Despertar nos estudantes o desejo de conhecer, de participar ativamente da
sociedade em que vivem de forma crítica, reflexiva e transformadora. Mais
essencial do que ensinar conteúdos específicos, que também são importantes, o
ensino de História possui o sentido maior de construção do cidadão crítico, que
tenha a capacidade de participar ativamente da sociedade em que vive e de se
indignar com os acontecimentos do cotidiano.
Conhecer, refletir e criticar, sempre que necessário, as diversas
teorias de estudo da história, é um exercício obrigatório a todo aquele que
pretende envolver-se com a ciência histórica, seja no âmbito do magistério, da
pesquisa ou, simplesmente, pelo prazer que suas leituras proporcionam. Um trabalho sobre o
ensino de História deve estabelecer o encontro ou, pelo menos, a junção de três
vertentes do conhecimento humano: a ciência histórica, o saber histórico
escolar e as ciências da Educação. Assim sendo, o objetivo do ensino de
História é compreender mudanças e permanências, continuidades e
descontinuidades, para que o aluno aprenda a captar e valorizar a diversidade e
participe de forma mais crítica da construção da História. Faz parte, então, do
procedimento histórico a preocupação com a construção, a historicidade dos
conceitos e a contextualização temporal.
"Considero que um currículo adequado para
o segmento do Primeiro Grau deve ser aquele que, na 5ª série, por exemplo,
antes de abordar especificamente os conteúdos ligados a esta ou aquela sociedade
ou grupo humano, possa privilegiar a construção de conceitos fundamentais para
a compreensão da História, ou seja, é importante que o aluno domine alguns
conceitos-chave" (PACHECO, 1995, p. 49).
Tradicionalmente, a historia tem sido ensinada
como ciência que se interessa, sobretudo, pelo passado, despertando, por isso
mesmo, pouco interesse nos alunos. Nas ultimas décadas, porém, novas tendências
passaram a encarar esta ciência como um instrumento para se refletir como a
realidade social e produzida, através do tempo e em diferentes espaços, por
meio de lutas, tensões, contradições, transformações e permanências (MAIER,
1984, p.86). O passado deixa, portanto, de ser algo morto, pois está na base
seja do hoje, seja do amanhã.
Para isso contribui o grande educador Paulo Freire (1981, p.29), ao
considerar que "fazer a história significa estar presente e não,
simplesmente, estar representando".
O Objetivo do ensino de história
não visa ao conhecimento de toda a História, em todos os tempos, pretensão
abstrata e ilusória do ensino tradicional. Mas, sim, deve ser capaz de levar o
aluno a refletir sobre qualquer momento da história como analista crítico
(KLOPPENBERG, 1989, p. 1011).
O Estudante deve tornar-se
sujeito da história, cidadão que se reconhece no processo social e, percebendo
os antagonismos, contradições e lutas, pode optar pela forma como
coletivamente, irá atuar na sociedade.
No Ensino de história, para que a
produção do conhecimento aconteça, torna-se imprescindível o professor
trabalhar com mediadores culturais, como, por exemplo: os objetos da cultura,
material, visual ou simbólica. Aliado a isso o professor embasado nos
procedimentos de produção do conhecimento, possibilitará ao aluno a
participação no processo ensino aprendizagem, a fim de que este consiga
reconstruir o não vivido recorrendo-se a diversas formas históricas.
Segundo Siman
(2004,9. 88):
A que o ensino de História, todavia, seja
levado a bom termo [...] torna-se necessário que o professor inclua, como parte
constitutiva do processo ensino aprendizagem, a presença de outros mediadores
culturais, como os objetos da cultura, material, visual ou simbólica, que
ancorados nos procedimentos de produção do conhecimento histórico
possibilitarão a construção do conhecimento pelos alunos, tornando possível
"imaginar", reconstruir o não vivido diretamente, por meio de
variadas fontes documentais [...].
A história como uma construção humana, pode entendê-la e ressignificá-la
por meio de reconstruções do passado, no entanto, é impossível construir
"a verdade", e sim verdades históricas; o que se produz é uma versão
do passado, a partir do olhar do tempo presente, e é nesse sentido que o
conhecimento histórico está sujeito a novas explicações.
Por isso a história é constantemente
reescrita, pois são os questionamentos do presente que levam ao surgimento de
novas questões, resultando em outras análises, escolhas e seleções de objetos
de estudo.
O ensino de história não pode reduzir-se a memorização de fatos, a
informação detalhada dos eventos, ao acúmulo de dados sobre as circunstâncias
nas quais ocorreram. A história não é simplesmente um relato de fatos
periféricos, não é o elogio de figuras ilustres. Ela não é um campo neutro, é
um lugar de debate, as vezes de conflitos. É um campo de pesquisa e produção do
saber que está longe de apontar para o consenso.
No ensino de história o principal
objetivo é compreender e interpretar as várias versões do fato, e não apenas
memorizá-lo. Sem que se identifique, preserve, compreenda, sem que se indique
onde se encontram outros fatos e qual o seu valor, não pode haver continuidade
consciente no tempo, mas somente a eterna mudança do mundo e do ciclo biológico
das criaturas que nele vivem. O conhecimento da história da civilização é
importante porque nos fornece as bases para o nosso futuro, permite-nos o
conhecimento de como aqueles que viveram antes de nós equacionaram as grandes
questões humanas.
O importante não é só o acervo de
conhecimentos que se deve selecionar para instruir o ensino, igualmente
importante é a maneira como se deve realizar este ensino, o modo como o ensino
é trabalhado. Ou seja, a metodologia de trabalho na escola.
O fato histórico que produz as pessoas necessárias para conduzir o
destino do país. Não foi um líder isolado que produziu o movimento das diretas,
este sim foi um movimento que produziu novas lideranças, na luta do povo contra
o regime militar.
São essas as grandes questões que devemos nos ocupar no ensino de
História. Que homem se quer formar? Agente transformador na construção de um
novo mundo, posicionando de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes
situações sociais?
Sob essa perspectiva, os estudos
de história contribuiriam para formar no aluno a idéia de que a realidade como
está foram produzida por uma determinada razão, e mais importante, podem ser
alteradas ou conservadas. Para isso é importante que a História seja entendida
como o resultado da ação de diferentes grupos, setores ou classes de toda a
sociedade. É importante que o aluno conheça a história da humanidade como a
história da produção de todos os homens e não como resultado da ação ou das
idéias de alguns poucos.
Para proceder mudanças devemos
produzir um ensino que procure aumentar a produção do conhecimento fortemente
ligado o ensino e a pesquisa, oportunizando aos sujeitos do processo uma
postura que leve sempre ao questionamento, à coleta de dados bem como à
permanente reflexão. Pois, como afirma CUNHA ( p. 74,2 ed.1992):
"Unir ensino e pesquisa significa
caminhar para que a educação seja integrada, envolvendo estudantes e
professores numa criação do conhecimento comumente partilhado. A pesquisa deve
ser usada para colocar o sujeito dos fatos, para que a realidade seja
apreendida e não somente reproduzida".
Nessa medida a História seria
entendida como um processo social em que todos os homens estariam nele
engajados como seres sociais. De outra parte, é fundamental que se estabeleça a
relação do passado e do presente, isto é, que os estudos não se restrinjam
apenas ao passado, mas sim que este seja entendido como chave para a
compreensão do presente, que por sua vez melhor esclarece e ajuda a entender o
passado. Aqui duas funções se evidenciam como básicas nos estudos da história:
capacitar o indivíduo a entender a sociedade do passado e a aumentar o seu
domínio da sociedade do presente.
Sob esse enfoque, não tem sentido
um ensino de História que se restrinja a fatos e acontecimentos do passado sem
estabelecer sua vinculação com a situação presente; como não têm sentido
analisar os acontecimentos atuais sem buscar sua gênese e sem estabelecer sua
relação com outros acontecimentos políticos, econômicos, sociais e culturais
ocorridos na sociedade como um todo. Não é possível, portanto, analisar fatos
isolados. Para entender seu
verdadeiro sentido é imprescindível remetê-los á situação socioeconômica,
política e cultural da época em que foram produzidas, reconstituídas suas
evoluções na totalidade mais amplas do social até a situação presente.
Somente desta forma a escola pode
oferecer ao aluno um ensino que lhe possibilite o conhecimento e a compreensão
das relações de tempo e espaço; ou seja, pelo conhecimento da
"temporalidade das relações sociais, das relações políticas, das formas de
produção econômica, das formas de produção da cultura das idéias e dos valores.
O ensino de história deve estar
atento para as mudanças advindas dessa nova realidade, possibilitando ao aluno
ser capaz de compreender, de ser crítico, de poder ler o que se passa no mundo,
qualificando-o para ser, dentro deste processo, um cidadão pleno, consciente e
preparado para as novas relações trabalhistas. Para que isto aconteça, este
ensino deve estar em sintonia com o nosso tempo.
O ensino de história deverá
fornecer meios para que os alunos sejam capazes de pensar sobre o passado, com
o objetivo de construir um sentido de orientação e incorporar seu presente e as
expectativas de um futuro possível. Isso implica uma vinculação entre
conhecimento histórico e vida cotidiana dos alunos por meio de narrativas
históricas construídas por eles mesmos.
Ensinar história por meio de uma
perspectiva da formação da consciência histórica contribui para fornecer um
sentido à disciplina para o aluno em sala de aula, a fim de que percebam que a
história busca a compreensão da experiência humana do tempo, construída por
diversos sujeitos e em várias dimensões da sociedade.
Somente um ensino de história que
considere o tempo como dinâmico e contextualizado com o cotidiano do aluno
poderá levá-lo à busca da identidade. Por isso, a história enquanto disciplina
deve estar pautada por atividades que levem os alunos a realizar uma operação
mental de modo que possam articulá-la com suas experiências.
O pensamento de Fonseca (2003, p.
63) vem ao encontro dessas idéias ao chamar a atenção ao fato de que o
"historiador-educador é alguém que domina não apenas os mecanismos de
produção de conhecimento histórico, mas um conjunto de saberes, competências e
habilidades que possibilitam o exercício profissional da docência".
O ensino de História nessa
perspectiva é um modo de investigação e experimentação dos conteúdos específicos,
dando legitimidade às teorias e práticas dos professores que fazem da pesquisa
seu objeto de estudo, levando em conta as experiências cotidianas do aluno como
ponto de partida.
O desafio o professor consiste em
identificar o que faz parte do cotidiano do aluno e paralelamente, encontrar
meios para que o ensino de história não seja conteudista, caracterizado por
organização cronológica, sem nenhum vinculo com as histórias individuais,
locais, regionais e nacionais. Uma vez cumprida o seu papel ao possibilitar que
os alunos se sentissem sujeitos históricos, na construção do conhecimento e,
com isso, pudessem atuar e projetar a partir dos parâmetros dessa condição na
sociedade em que vivem.
Frente a isso, é importante que
no ambiente escolar, haja além de recursos tecnológicos, professores
capacitados para que possa construir o conhecimento de maneira crítica
utilizando dessas inúmeras informações e transformando-as em conhecimento
histórico com base na realidade social dos alunos.
2.5 O uso da Informática no
Ensino de História
As tecnologias estão presentes na
organização das sociedades, na forma da interação entre o homem e sua cultura,
desde os primórdios da história. Por esse motivo, é muito difícil afirmar que
apenas o momento em que vivemos possa ser chamado de era tecnológica, pois não
se limita apenas a utilizar ou não determinados equipamentos.
Portanto neste, trabalho de
conclusão ressalto a importância da informática no ensino de História. A informática não pode ser vista apenas como
um dos maiores veículos de transmissão de informações, mas como poderosa
ferramenta, pois somente quando compreendê-la poderá utilizá-la para diferentes
situações, que envolvam procedimentos de problematização, observação, registro,
documentação e até formulações de hipóteses.
Devemos entender como meio
alternativo para que os alunos possam discutir as potencialidades na produção
do conhecimento. Por isso em meio a tantas disciplinas que podem ser abrangidas
com o uso da informática, ressalto e trago presente o uso da informática no
ensino de história. Possibilitando através da criação de softwares um
conhecimento mais abrangente, participativo voltado aos conteúdos
historiográficos do ensino de História.
Com a informática no ensino, não
só o conhecimento torna-se dinâmico, mas também a própria noção de espaço e
tempo. Cabe a nós professores de História propiciar ao diversos sujeitos
envolvidos nesse processo educacional um ensino crítico, reflexivo,
problematizador, em que tais sujeitos possam pensar e agir a partir da sua
historicidade na sociedade em que vive.
Sendo assim utilizaremos
elementos importantes para o fazer histórico, pois recursos multimídias, vídeo,
imagens, sons e filmes, quando bem utilizados,
constituem-se em ferramentas de apoio para a construção do conhecimento
histórico.
O professor com uma base teórica
e historiográfica terá condições de inserir o computador na sala de aula,
ampliando as possibilidades de pesquisas e novas formas de produção do
conhecimento histórico, por meio de Aula-net, blogs, chats, entre outros.
O Ensino de história por meio da
informática pode ser executado metodologicamente pela internet, que possibilita
o acesso instantâneo e portais de busca, como o Google, um dos mais utilizados
atualmente para pesquisas. Existem variedades de páginas Web que são
consultadas gratuitamente. Nesse sentido o professor é um pesquisador
juntamente com os alunos.
Assim o Ensino de história passa
a ser então encarado na sua essência como um modo de investigação e
experimentação dos conteúdos específicos, dando legitimidade as teorias e
práticas dos professores, que fazem da pesquisa um objeto de estudo. É nessa
perspectiva que deve inserir a informática no ensino de História, buscando
nelas as potencialidades necessárias.
Existem muitas as possibilidades
de integração e envolvimento com a informática, a partir dos recursos
multimídias, possibilitando aos alunos apropriar-se de valores que os levem a
compreender o passado e fazer análise crítica frente ao presente.
Por isso torna-se necessário
pensar no ensino de História em integração com a informática, uma vez que
"o mundo tecnológico de hoje não é uma máquina absurda, que aí esta para
escravizar a mente. Este mundo precisa ser entendido e interpretado à luz das
visões extraídas do homem para ler a história"(BASTOS, 1997, P. 9).
Partindo desta reflexão, serão
dadas sugestões de como utilizar a informática no ensino de história tornando
dinâmica, atrativa, proporcionando condições de entrar em contato com outras
pessoas, trocar experiências, construir conceitos coletivamente:
Pesquisas em sites;
Blogs coletivos
Bate papo on line sobre o tema
abordado;
Criar e publicar vídeos na
internet sobre o tema estudado;
Consultas em arquivos históricos;
Apresentação de vídeos do Youtube
relacionado ao ensino de História;
Construção de slides em Power
Point para apresentação de seminários;
Utilização de CD ROOM especifico
de história;
MSN – contatos com alunos de
outras regiões;
Videoconferências;
Produção de desenhos;
Catalogação de documentos em
bancos de dados;
Fórum direcionado ao Ensino de
História;
Google Eart para acompanhar o
tema estudado;
O Ensino de história deve
incorporar a informatização, como um meio para alcançar a construção do
conhecimento. Lembrando que o "historiador-educador é alguém que domina
não apenas os mecanismos de produção de conhecimento histórico, mas um conjunto
de saberes, competências e habilidades que possibilitam o exercício
profissional da docência" (FONSECA, 2003, p.63)
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tecnologia. Educação & Tecnologia. Curitiba, V.1, n.1, abr. 1997.
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CUNHA, Maria Isabel da. O Bom Professor e Sua Prática. 2 ed.
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